Chega um tempo na vida que você já teve uma boa amostragem de homens. Já viu tudo quanto é tipo, de panacas a safados, de malandros a grudentos. Você parece um esquimó, só que em vez de reconhecer 30 tonalidades diferentes de branco, reconhece 30 tipos diferentes de cafas.
É nesse estágio que você, mulher, cansada da vida e sem mais nada pra fazer a noite (afinal você desistiu dos homens, lembra?), começa a analisar o que foi coletado ao longo dos anos.
É aí que eu chego a conclusão do pior tipo de homem que pode acontecer na vida de uma mulher. Não, ele não é aquele idiota que te pega só para espalhar pros amigos qual foi a última que ele comeu, ou o cafa que te leva pra casa e depois te dá o dinheiro do táxi (ou, sendo franca, nem isso ele te dá). Esses a gente se acostuma, brinca, participa, acha graça das mil-e-uma criancices, bate, cospe na cara - enfim, muitas opções de tratamento para listar.
O pior tipo é aquele que você não consegue odiar. Não consegue olhar pra cara e dizer: "como você é um patife", ou "larga mão de ser babaca". Ele pode fazer de você, basicamente, o que ele quiser, e basta um olhar de soslaio para que todas aquelas frases que você ensaiou falar, mostrando ao fulano qual o seu devido lugar na sociedade, desapareçam no ar. Ele te deixa sem jeito, abaixa sua guarda, te machuca, te deixa frebril de raiva, mas você não consegue enganar nem a si própria com aquele "detesto você" que passa na cabeça de vez em quando.
Esse tipo te escraviza psicologicamente, te joga no buraco mais fundo, tira suas vontades mais primárias.
Às vezes, tudo o que você precisa para seguir a vida adiante é virar para a cara de sicrano e dizer: "vai pra puta que pariu, seu insignificante, se joga da ponte ou embaixo de caminhão e vira patê de sardinha velha".
O mais cruel tipo de homem é aquele que não te dá nem esse direito.
O ódio.
domingo, janeiro 14, 2007
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